CELSO CRUZ
( Brasil – São Paulo )
Poeta, dramaturgo, diretor de teatro, publicitário, jornalista e professor universitário, nasceu em São Paulo, em 1965.
Publicou Livro do amor, devoção e outras taras (1999) e Caixa de escorpião (2000), ambos pela Editora Ciência do Acidente.
Sua peça Sete vidas de santo foi apresentada no Royal Court Theater de Londres, em janeiro de 2003, durante a Semana Brasileira de Nova Dramaturgia.
PAIXÃO POR SÃO PAULO. Antologia poética paulistana. Org. Luiz Roberto Guedes. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2004. 184 p. Ex. no. 10 476 Ex. bib. Antonio Miranda
Virado paulista
Margaridas do Lgo. do Arouche.
Azaléias do meio-fio.
Rosas do jardim de um sobrado.
Girassóis de terreno baldio.
Flores do campo da Sr. Arnaldo.
Orquídeas dos Jardins.
O buquê que fiz pra você.
(De Caixa de Escorpião, Ciência do Acidente, 2000)
Teatro Municipal
O mulato perneta agita a galera. Uniforme
canarinho, muleta na mão, joalheira no cotó
da canhotinha. E bola no ar, que o rei não
deixa a peteca cair. Enquanto toca, conta:
1000, 1132... Craque suando, novo recorde
a caminho. A cada embaixada um ó sem fim
da geral em frente à vitrine do Mappin e na
arquibancada do Municipal. Se o show e do
vosso agrado, senhores, queiram deixar um
trocadinho...
(De Caixa de Escorpião, Ciência do Acidente, 2000)
Curtume
O trilho geme.
O boi também.
Ferro no osso.
Carne no gancho.
Couro no tanque.
O que se come.
O que se bebe.
O que se veste.
Nada se perde.
Vida é abate.
Obra no muque.
Imputrescível.
(De Caixa de Escorpião, Ciência do Acidente, 2000)
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Página publicada em novembro de 2022
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